moimeichego

21.5.09

Outrora.



"E... se por um minuto... um minuto sequer, alguém conseguir se liquefazer de sua própria mesquinhez, em prol do torpor daquela beatitude pura e incondicional, que ultrapassa qualquer julgamento e entendimento... sim, ele terá encontrado o 'momento mais marcante e epifânico da sua vida'."

(A verdade é que a languidez doutro corpo estirado tornou-se fria; e o álcool do teu momento de beatitude já não lhe é palatável.

Da epifania, efêmera, talvez seja inevitável o ruir como se é aquele dos bons sonhos.)
posted by Lucas Lara at 18:22 0 comments

15.5.09

3



- Eu te amo.

(Assim, na ânsia de espalhar seu gélido amargor por uma boca que há muito rejeitara sabores doces, o ressentir despontou bélico na garganta: )

- Foda-se.

(depois de então, dizer adeus foi fácil demais.)
posted by Lucas Lara at 00:58 2 comments

6.5.09

(Des)conforto



Há uma tênue luz nos teus olhos que reflete tudo aquilo que poderíamos ter sido.
E às vezes você me ilumina.

Há uma nota em teu timbre que ressoa todas as juras de amor reprimidas.
E às vezes teu som me acalenta.

E no sorrir, há uma pequena distorção no teu riso que clama pelo beijo cessado.
E às vezes eu rio junto.

(Odeio sentir-me tão lisonjeado)
posted by Lucas Lara at 21:06 4 comments

3.5.09

(susuperforça)



Das palavras que escorreram lânguidas como em uma nova ferida aberta, cuidastes como se fosse de teu corpo próprio.

E enquanto todos os risos se entorpeciam pela fadiga – inclusive tua própria – deixastes, sem pestanejos, transbordar pelo teu rosto fragmentos de minha alma enferma.

E por vossa bondade, pude dormir bons sonhos.

('Muito de nada', diria ela.)
posted by Lucas Lara at 17:26 0 comments

1.5.09

Epifânico



Em devaneios, o mundo se dissipou em uma turba alva e muda.

Ascendi. E lá estava eu, a dois passos de mim mesmo, estendendo-me um canto de lábio, sereno, num sinal afável de quem se permitira ser abraçado.

Ascendi. E então, eu estava a um passo de mim mesmo.

Em epifania, clareou-se tudo aquilo que já fui, e aquilo que deveria ser. Estirei a mim mesmo os braços convidativos. Sem esconder as marcas.

Mas durante o derradeiro passo, o torpor dúbio do conformismo dissolveu-me o chão...

...e descendi.

(De volta à estaca zero.)
posted by Lucas Lara at 01:51 2 comments